Eva Braun vive em São Luís, no Maranhão, onde participa ativamente da cena artística da cidade. Desde cedo começou a ter contato com a arte, mas foi só em 2014 que, por meio das redes sociais, entrou em contato com a arte feminista, conhecendo diversas mulheres que a ajudaram a construir sua identidade como artista. Em sua produção aborda, sempre com muita força e delicadeza, temas que entornam o ser mulher; o que considera um ato político: “Arte produzida por mulher já é uma quebra, uma subversão, visto que o universo artístico não nos dar espaço.”
Para mandar sua mensagem Eva transita entre diversas estéticas, utilizando principalmente aquarelas e grafite em suas ilustrações, que compartilha no Facebook utilizando seu sobrenome, Braun, e no Instagram: @eubraun.
Quando você começou a produzir arte? Quais as motivações para esse início?
“Desde criança que desenho por incentivo do meu pai, que vem de uma família de artistas. Desde cedo entrei contato com a pintura e as artes. Mas em 2013 comecei a estudar mais a fundo o desenho, em novembro do mesmo ano eu já trabalhava com encomendas, por exemplo (nada muito sério, mais entre amigos e familiares). Mas produzir de forma mais profissional, comecei em 2014, quando fiz uma página no Facebook… tempos depois eu exclui a página e fiquei só no Instagram, e recentemente fiz uma page de novo.”
Teve alguma inspiração?
“Sim, principalmente artistas mulheres, como Frida Kahlo, minha maior inspiração. Em 2014 entrei no grupo ‘selfless portraits das minas‘ no Facebook, e lá conheci inúmeras artistas mulheres que me ajudaram a desenvolver um traço, uma identidade. Também gosto do trabalha da aquarelista Agnes Cecille (minha primeira aquarela pro selfless foi inspirada num desenho dela, hihi).
“Sempre gostei de desenhar, de apreciar o artístico, costumo observar o que o visual me proporciona e me faz sentir. A arte me faz escapar da realidade que por vezes me é cruel, como se fosse uma válvula de escape e também me serve de ferramenta pra atingir pessoas, fazer despertar sentimentos e pensamentos. A partir disso ornamento minha realidade, um mundo da lua pisando no chão.”
Que técnicas você usa para fazer arte?
“Eu gosto muito de aquarela, tô sempre usando em meus desenhos, mas tenho usado grafite também pra fazer algo mais realista.
Bem, eu não sigo um estilo, mas posso dizer que sigo vários… mas namoro muito o surrealismo. Hoje eu já tenho um estilo próprio, mas não deixa de ser uma construção de tudo que me influenciou até agora.”
Sua arte tem alguma relação direta com ser mulher?
“Com certeza, começando pelo fato de ser feito por uma. Arte produzida por mulher já é uma quebra, uma subversão, visto que o universo artístico não nos dá espaço.”
Você sentiu alguma dificuldade ao se inserir na arte por ser mulher?
“Total, todos duvidam de sua capacidade, acham que é apenas uma brincadeira, te colocam em outro espaço. Mas a gente caminha, mostra os dentes. Depois que você conhece pessoas chaves, as coisas vão se enveredando.”
“Eu represento principalmente a mulher, o universo da mulher. Eu faço parte disso, insiro minhas angustias, minhas sensações, minhas experiências como mulher.”
Sua arte tem alguma relação política, militante ou dialoga com alguma ideologia?
“Eu vejo como um ato político também, porque é uma mulher representando mulheres em sua pintura, e ser levada a sério por isso é muito difícil ainda. O feminismo é muito importante no meu processo criativo. Ele é a minha base. É uma resistência ser mulher artista.“
Você vive da arte que faz?
“Infelizmente não vivo, pois esse mercado é incerto, e por vezes (muitas vezes) injusto. Mas ganhar, eu ganho, faço encomendas, vendo meus desenhos, mas não o suficiente para me manter.”
Você se vê dentro de alguma cena artística?
“Sim, a da minha cidade [São Luís]. Aqui tenho um bom reconhecimento do meu trabalho, principalmente por não ser homem (risos). Já fiz algumas exposições, participo de eventos artísticos mostrando meu trabalho, já promovi eventos voltados para a arte de mulheres. Aqui tem muita artista foda que não dá pra ficar offline, to sempre colando com as mulheres, principalmente.”
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