Juliana Lossio, de 21 anos, vive no Rio de Janeiro e é artista visual e ilustradora. Ela começou a desenhar aos 16 anos, após passar por uma depressão, utilizando a arte como forma de lidar com seus sentimentos e angústias. Mais tarde, ao conhecer o feminismo, seus traumas e abusos sofridos viraram combustível para sua arte, representando mulheres e suas batalhas diárias.
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Quando começou a fazer arte? Quais as motivações para esse início?
“Então, eu comecei a desenhar a 6/7 anos atrás quando tive depressão pela primeira vez. Desenhava para aliviar o que eu sentia, fazia cópias na maioria das vezes e com o tempo fui criando meu estilo próprio. Depois comecei a entrar e conhecer o feminismo e basicamente meus traumas foram o combustível pra maioria dos desenhos.”
Teve alguma inspiração?
“Sim, minha mãe.”
“Cara… a arte é o que move, basicamente. É a forma que eu enxergo as coisas e que eu penso, tudo se transforma em desenho, tudo que eu sinto ou deixo de sentir, é o que eu amo fazer sabe? o que me deixa calma.
E eu quero conseguir fazer com que os outros enxerguem isso, enxerguem o que eu sinto pelos meus desenhos e sentir algo também. Quero que sintam qualquer coisa que seja olhando pros meus desenhos, independente de ser ruim ou bom. Se eu consigo fazer isso, eu atingi meu objetivo.”
O que você representa na sua arte? Como isso fala com você de forma subjetiva?
“A maioria deles é quase que um super ego meu, cuspindo tudo que eu quero falar sobre algo ou alguém, e que eu ou não tenho coragem de falar. Ou só quero escarrar na cara de alguma pessoa mesmo o que eu tô sentindo.”
Sua arte tem alguma relação direta com ser mulher? E como isso é representado?
“Sim!!! Total, 98% das pessoas que se reconhecem com os meus desenhos são mulheres. Eu como mulher, falo de abuso, de opressão. E pra mim, não tem como não falar sobre nada disso.
Sua arte tem alguma relação política, militante ou dialoga com alguma ideologia?
“Sim! Eu considero meus desenhos uma forma de militância feminista sim. Eu só desenho mulheres hehehe, sempre mulheres, mulheresmulheresmulheressaaaaaaa. Sempre tento contar a historia de alguma mulher.”
“Eu como mulher, falo de abuso, de opressão. E pra mim, não tem como não falar sobre nada disso. Sempre tento contar a historia de alguma mulher.”
Você se vê dentro de alguma cena artística?
“Hm… não muito. Mas participaria de grupos feministas de mulheres artistas, mas nunca encontrei algo assim onde moro.”
Que técnicas você usa para criar arte?
“Eu uso meu estilo próprio. Eu uso normalmente tinta acrílica diluída, nanquim, guache e canetinhas. E as vezes me arrisco com pintura digital.”
Você vive da arte que faz?
“Não me sustento (ainda), mas ganho dinheiro sim.”
Você sentiu alguma dificuldade ou preconceito ao se inserir na arte por ser mulher?
“A dificuldade que eu sinto é entrar nos lugares como artista, onde normalmente só tem homens, e na maioria das vezes aturar esses homens desacreditando do que eu faço. Ou dando em cima de mim, ou me chamando pra participar de algo pra ”expor” quando na verdade só queria me pegar.”
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Projeto Mulheres Artistas 